Clima
O clima compreende os diversos fenômenos climáticos que ocorrem na atmosfera da Terra. Fenómenos como frente frias, tempestades, furacões etc estão associados tanto às variações meteorológicas preditas pelas leis físicas determinísticas, assim como, à um conjunto de variações aleatórias dos elementos meteorológicos (temperatura, precipitação, vento, umidade, pressão do ar) cuja principal ferramenta de investigação é a estatística. O clima permite reunir semelhanças em várias regiões da Terra através de tipos específicos de clima onde são consideradas as variações médias dos elementos meteorológicos ao longo das estações do ano num período de, por exemplo, 30 anos.
DefiniçãoA definição pelo glossário IPCC é: Clima, num sentido restrito é geralmente definido como “tempo meteorológico médio”, ou mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades relevantes de mudanças do tempo meteorológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico é de 30 anos, definido pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento. O clima num sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições estatísticas do sistema global.
A climatologia e o objeto climaA climatologia é uma especialização da pesquisa meteorológica e geográfica dedicada ao estudo e investigação do clima em seus múltiplos aspectos. Nas ciências atmosféricas a climatologia investiga as causas e relações físicas entre os diferentes fenómenos climáticos (por exemplo investiga os factores de ocorrência de secas, inundações, ondas de calor, fenómenos El Niño/ENSO etc). Na geografia, a climatologia é uma ferramenta de entendimento da relação do Homem com seu espaço ambiental, particularmente com os fenómenos atmosféricos, do qual ele é paciente (afligido por vendavais, furacões, tornados, tempestades, enchentes e cheias etc) e causador (poluição, degradação ambiental, mudança climática devido efeito-estufa etc). Esses dois pontos de vista, meteorológico e geográfico se complementam e não podem ser entendidos de forma separada.
Diferenças entre clima e tempoO tempo meteorológico é o tempo actual ou tempo a ser previsto pelos meteorologistas, que se estende no máximo a 15 dias.
O clima é o conjunto de estados do tempo meteorológico que caracterizam o meio ambiente atmosférico de uma determinada região ao longo do ano. O clima para ser definido, considera um subconjunto dos possíveis estados atmosféricos, e para tal, requer a análise de uma longa série de dados meteorológicos e ambientais. Por longa série se entende um período de dezenas de anos. A Organização Mundial de Meteorologia (WMO) recomenda 30 anos para a análise climática.
A concepção original do que é clima foi introduzida através da análise estatística, de longo prazo, considerada, talvez no fim do século XIX.
A noção de clima tem mudado ao longo do século XX. Até meados do século XX, o clima era considerado "fixo" na escala de tempo de 30 anos, e funcionava como a base da previsão de tempo para as regiões tropicais, então bastante desconhecida. Os trópicos eram considerados regiões onde o tempo meteorológico seria regido pelo clima tropical, isto é, por variações sazonais, por exemplo, as "monções" sazonais, e não pelas variações e flutuações diurnas associadas às passagens de frentes e ou presença de sistemas complexos de tempestades. Assim, o tempo nos trópicos seria apenas perturbado por eventos aleatoriamente distribuídos. A existência de fenómenos como "ondas de leste", sistemas convectivos de tempestades da Zona de Convergência Intertropical (ITCZ) não eram conhecidos etc.
Hoje, é mais difícil dar uma definição do clima baseada em períodos de 30 anos, embora séries de dados de 30 anos sejam comuns. Nota-se, que ao longo de amostras da série temporal, podem ocorrer variações do valor médio, indicando variabilidade climática. Parte dessas variações encontradas ao longo das dezenas de anos pode ser atribuída à causas antropogênicas. Por exemplo, primeiros anos do século XXI tem sido mais quentes que os encontrados anteriormente na segunda metade do século XX.
Um dos primeiros estudos sobre o clima, proposto por Wladimir Peter Köppen em 1900, fundamentava-se no sentido de clima como factor da dimensão geográfica. Nessa classificação considerava-se a vegetação predominante como uma manifestação das características do solo e do clima da região, permitindo reunir várias regiões do mundo através de semelhanças de sua vegetação, sendo conhecida como "classificação climática de Köppen-Geiger". Em 1931 Charles Warren Thornthwaite introduz uma nova classificação e em 1948 amplia os estudos através do balanço de água como um factor do clima que futuramente dariam origem à "classificação do clima de Thornthwaite". Emmanuel de Martonne destacou-se no estudo da geomorfologia climática. Seu estudo sobre problemas morfológicos do Brasil tropical-atlântico foi um dos primeiros trabalhos de geomorfologia climática no mundo, sendo conhecida a "classificação do clima de Martonne".